Álcool e Saúde: Por que Não Existe Consumo Seguro?
- Stephanie Nonnenmacher
- 16 de mai.
- 3 min de leitura

Você já deve ter ouvido por aí que uma tacinha de vinho por dia “faz bem pro coração”, né? Mas e se eu te disser que, de acordo com o próprio Ministério da Saúde, não existe consumo seguro de álcool? É isso mesmo: nenhuma quantidade é isenta de riscos — mesmo aquela “só social”, que parece inofensiva.
A Nota Técnica Conjunta nº 263/2024, publicada pelos órgãos de saúde pública brasileiros, veio para reforçar algo que a ciência já vem apontando há anos: o álcool está diretamente ligado a mais de 230 doenças e agravos, incluindo cânceres, doenças cardiovasculares, transtornos mentais, hepatopatias e até complicações infecciosas. E isso sem falar nos acidentes, violências e impactos sociais associados ao uso.
Mas calma! Este post não é um manifesto proibicionista e nem vem com julgamento. Aqui na Nutri Céci a gente entende que o caminho para escolhas conscientes começa com informação de qualidade e respeito pela sua realidade.
O que diz a nota técnica?
A publicação do Ministério da Saúde em 2024 traz um posicionamento firme: não existe quantidade segura para o consumo de bebidas alcoólicas. E isso é baseado em dados concretos:
Em 2019, o álcool foi responsável por 2,6 milhões de mortes no mundo.
No Brasil, só em 2021, mais de 53 mil óbitos foram atribuídos ao seu consumo.
O álcool é a principal causa evitável de morte entre jovens de 15 a 49 anos.
Está relacionado a 7 tipos de câncer, incluindo câncer de mama, fígado e intestino.
Mesmo o “uso leve a moderado” já está associado a aumento de riscos.
Além disso, o documento define a chamada dose-padrão de bebida alcoólica como 10g de álcool puro — o que equivale a:
1 lata de cerveja (330 ml)
1 taça de vinho (100 ml)
1 dose de destilado (30 ml)
Mas repito: mesmo essas quantidades não são isentas de riscos.
E o que isso tem a ver com nutrição?
Muito mais do que você imagina. O álcool é um componente calórico, inflamatório e desregulador de diversas funções metabólicas. Ele atrapalha a absorção de nutrientes, piora a qualidade do sono, afeta a microbiota intestinal, aumenta a compulsão alimentar e está diretamente ligado ao ganho de peso e à piora de quadros como diabetes tipo 2, hipertensão e gordura no fígado.
Além disso, para pacientes com condições específicas — como lipedema, síndrome do intestino irritável, disbiose intestinal, TDAH, transtornos alimentares e pessoas em uso de medicações contínuas — o álcool pode agravar sintomas e dificultar tratamentos.
Tá, mas eu bebo. E agora?
Aqui entra a parte mais importante deste post: não se trata de terrorismo nutricional ou de dizer que “você está proibido(a)” de fazer o que quer que seja. A ideia é te dar informações para que você possa tomar decisões mais conscientes.
✨ Se você bebe todos os finais de semana, vale se perguntar: isso ainda faz sentido para mim?
✨ Se você sente que exagera e depois se culpa, talvez o foco não seja parar, mas entender o porquê do excesso.
✨ Se você está em uma fase de cuidar mais da saúde, pode ser uma boa oportunidade para experimentar um período sem álcool e observar como seu corpo reage.
Aqui na Nutri Céci a gente acredita que a vida não é feita pra ser perfeita, mas pra ser real e possível. Isso inclui reconhecer os prazeres sociais e culturais ligados ao álcool, mas também não ignorar o que a ciência vem mostrando com cada vez mais força.
Dicas práticas para refletir sobre o uso de álcool:
Evite usar o álcool como válvula de escape para estresse, tristeza ou ansiedade.
Experimente opções não alcoólicas em momentos sociais (tem vários drinks sem álcool e cervejas zero deliciosas!).
Programe-se para não beber em dias que exigem atenção, foco ou recuperação física.
Preste atenção nos sinais do seu corpo: ressaca, dor de cabeça, refluxo, ansiedade no dia seguinte? Tudo isso pode ser um alerta.
E se precisar de apoio para repensar seu consumo ou encontrar alternativas que façam sentido na sua rotina, é pra isso que estamos aqui.
📍 Referência: Nota Técnica Conjunta nº 263/2024 – Ministério da Saúde
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